terça-feira, 23 de junho de 2009

Alimentação para Idosos

As projeções para 2020 demonstram uma população de 32 milhões de idosos no Brasil, o que chama a atenção para a necessidade de medidas que visem oferecer melhor qualidade de vida, e o aspecto nutricional é um dos pontos de maior importância para um envelhecimento saudável.
O envelhecimento é um processo contínuo que começa no momento da concepção e só termina com a morte. É um processo normal, associado a sucessivas perdas de funções decorrentes do declínio do ritmo biológico. Essas perdas estão diretamente ligadas à forma de se alimentar o idoso.
A manutenção de um estado nutricional adequado e a alimentação equilibrada estão associadas a um processo de envelhecimento saudável. O envelhecimento pode vir acompanhado de mudanças que podem alterar a ingestão de alimentos e consequentemente levar à deficiência de nutrientes e a quadros de desnutrição.
As mudanças fisiológicas relacionadas à idade, bem como as doenças crônico-degenerativas como diabetes, doença cardiovascular, osteoporose e alguns tipos de câncer, influenciam muito o estado nutricional destes indivíduos.
A elevada prevalência de desvio nutricional na população idosa vem sendo demonstrada por meio de diferentes estudos, em vários países, onde a desnutrição, o sobrepeso e a obesidade predominam em relação aos indivíduos eutróficos.
Certas características, inerentes ao processo do envelhecimento, determinam peculiaridades na dieta do idoso, dentre elas:


Dentição: geralmente, as pessoas nesta fase da vida já não têm todos os dentes, e as próteses, muitas vezes, são defeituosas ou inadaptadas, dificultando a mastigação. Por isso, o indivíduo limita a sua dieta a alimentos de consistência branda, o que determina automaticamente a eliminação de substâncias importantes, como carne, algumas frutas e verduras.

Hábitos alimentares: constituem um dos maiores obstáculos às dietas adequadas, uma vez que o padrão, dietético do idoso já está bem estabelecido, sendo difícil modificá-lo.

Situação social e econômica: às vezes, o idoso vive só e não tem meios para preparar e guardar os alimentos devidamente. Daí a procura de produtos mais baratos, enlatados, etc., além da falta de incentivo para refeições organizadas, por causa da solidão.

Fatores fisiológicos: com o avançar da idade, diminuem a sensibilidade gustativa e olfativa e, consequentemente é reduzido o prazer de comer. Em geral, também diminuem as secreções de ácido clorídrico e das enzimas digestivas, assim como o volume total de secreções do sistema digestivo, dificultando a digestão e a absorção para muitos idosos. O indivíduo pode ser apresentar constipação pela falta ou consumo reduzido de frutas, verduras e legumes, pela diminuição de sua atividade física e pela conseqüente atonia muscular.

Composição corporal: perda de peso e declínio da massa corporal magra levam a necessidades diminuídas de calorias. Essa perda ou redução pode ser reversível com a prática de atividades físicas.

Recomendações Nutricionais

O desafio do profissional nutricionista consiste em atender às recomendações nutricionais em função das alterações biopsicossociais do envelhecimento e às características das doenças do idoso, além de preservar o prazer inerente à alimentação.
Cada adulto idoso tem necessidades únicas, de modo que as recomendações dietéticas devem ser individualizadas.

Energia

As necessidades de energia geralmente diminuem com a idade em função das alterações na composição corporal, a diminuição na taxa metabólica basal e a redução na atividade física. O valor calórico da alimentação do idoso deve ser suficiente para manter seu vigor e sua atividade, sem que provoque o aumento ou a redução de seu peso corporal. O Comitê Especializado sobre Necessidade de Energia e Proteína da FAO/OMS recomenda que as necessidades de energia diminuam em 10% no valor calórico dos 60 aos 69 anos. Para os idosos de 70 anos ou mais sugere-se outra redução de 10% (WHO, 2003).

Proteína

Conforme as pessoas envelhecem e experimentam perda de massa magra, as reservas de proteína no músculo esquelético podem ser inadequadas para atender às necessidades para síntese de proteína, tornando a ingestão protéica dietética mais importante.
As recomendações do NCR/RDA (1989) sugerem uma ingestão apropriada de 0,8 g de proteína de alto valor biológico por Kg/peso/dia, para idosos saudáveis. Esse valor expresso em
percentual calórico do nutriente na alimentação deve alcançar cerda de 12 a 15% do VET.

Carboidratos

São necessários para proteger a proteína de ser utilizada como uma fonte de energia. Devem corresponder a aproximadamente 55 a 75% do VET ingerido pelo idoso (WHO, 2002). Os carboidratos complexos devem prevalecer na dieta, limitando-se o consumo de carboidratos simples a valores menores de 10% do VET.
O Institute of Medicine/Food and Nutrition Board (2002) preconiza o valor de 130g/dia para homens e mulheres nessa faixa etária.

Fibras

São importantes na alimentação do idoso pelo fato de amenizarem o quadro de constipação, de grande prevalência na população idosa. Destaca-se a importância do consumo simultâneo de líquidos para que as fibras possam exercer suas funções. Recomenda-se 30g/dia para homens e mulheres nessa faixa etária (RDA, 1989).

Lipídios

Os lipídios devem contribuir com cerca de 15 a 30% do VET, atentando-se para que os ácidos graxos saturados não superem 10% do VET, os poliinsaturados estejam entre 3 a 7% do VET e o colesterol dietético menor que 300mg/dia (OMS, 1990).

Cálcio

O consumo elevado de cálcio, exclusivamente, não previne a perda de massa óssea. Porém, dietas adequadas em cálcio, entre outros minerais, bem como a adoção de melhores hábitos e estilos de vida, são fundamentais na prevenção da osteoporose.

Zinco

A deficiência de zinco é comum em idosos, podendo reduzir o apetite, levando a baixa ingestão de alimentos e consequentemente agravo do estado de carência de zinco. Muitas medicações interferem na absorção ou no uso de zinco pelo organismo, e geralmente pessoas idosas fazem uso de vários medicamentos, comprometendo a biodisponibilidade deste nutriente. Daí a importância do consumo de alimentos fontes deste mineral, como carne, ovos, peixes, aves, cereais e leguminosas.

Água

A desidratação é um dos maiores riscos para os idosos que podem não observar ou não dar atenção à sua sede. Com a idade, o mecanismo da sede pode tornar-se impreciso e os idosos podem passar longos períodos sem beber água. Recomenda-se a ingestão de 6 a 8 copos de água por dia.

Plano alimentar

Os princípios gerais para o planejamento dietético do idoso são basicamente iguais aos de um adulto jovem, porém podem ser necessárias modificações de acordo com as características próprias do envelhecimento de cada indivíduo. Portanto, devemos considera que:

* O alimento deve ser nutritivo, saboroso e agradável de comer.
* As refeições devem ser divididas em 5 ou 6 refeições/dia, devem ser pouco volumosas, com consistência de acordo com a dentição do idoso, e compostas de um número variado de todos os grupos alimentares.
* A alimentação do idoso deve ser saborosa e de fácil digestão.
* As restrições em função de possíveis doenças que acometem o idoso devem ser observadas no planejamento de sua alimentação.

Portanto, uma alimentação saudável e equilibrada, associada à prática de atividade física regular, deve ser incentivada para que o indivíduo possa ter um processo de envelhecimento com melhor qualidade de vida.

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